sexta-feira, 29 de abril de 2011

TEXTO: AS TRÊS ECOLOGIAS - Thamiris dos Santos Moraes

O autor Félix Guattari em As Três Ecologias, refere-se a um mundo que aos poucos esta se enfraquecendo/deteriorando com o tempo de maneira que os desequilíbrios ecológicos, tais como podemos citar os acidentes químicos e nucleares desencadeados a um intenso terremoto no Japão onde a uma grande possibilidade de que os habitantes da região atingida desenvolvam doenças incuráveis. Ao mesmo tempo os modos de vida individuais e coletivos se encaminham para uma padronização dos comportamentos, além disso a vida doméstica vem sendo gangrenada pelo consumo da mídia. A mídia impôs e cada vez mais vem trazendo uma padronização da vida humana tal como em seus comportamentos, tanto sociais como pessoais que devem seguir o que nos é determinado.
Na tentativa de uma mudança neste quadro encontra-se o conceito das três ecologias é a relação do meio ambiente, das relações sociais e o subjetivismo humano. Onde é feita uma associação com o termo utilizado na interpretação de Guattari em que este as chama de ecosofia que tem a relação do todo com o conhecimento.
A subjetividade do homem encontra-se no cerne de toda a devastação social e ambiental que cada dia nos é mais presente, o autor estabelece, que a Ecologia Ambiental não é a única que deve ser considerada, senão que outras duas, naturalmente interligadas entre si, mostram-se tão importantes quanto à primeira, essas são: a Ecologia Social e a Ecologia Mental.
A ecosofia social é a tentativa de disseminar este domínio necessariamente precisam-se inutilizar as recomendações dadas tendo como objetivo desenvolver pratica especificas que iram modificar e reinventar maneira de ser/conviver no meio social, familiar,...; e a ecosofia mental reinventa a relação do sujeito com o corpo desde seu inconsciente e à medida que passa o tempo modifica sua visão da vida e da morte.
Aborda-se esta transformação devendo ser feita não somente política, social e cultural, mas também entre os domínios de sensibilidade, de inteligência e de desejo que é classificado como subjetividade. Neste trecho citado no texto por Guattari diz que o homem enquanto ser psíquico dever ser envolvido e envolvente e não a relação dele como um objeto no meio ou do meio em que se encontra.
É a relação da subjetividade com uma exterioridade – seja ele social, animal, vegetal, cósmica – que se encontra assim comprometida numa espécie de movimento geral de implosão e infantilização regressiva. (p.8)
Em determinado momento do texto Guattari diz que Descartes refere-se que o sujeito (componentes de subjetivação) não é evidente, pois apenas pensar não basta para ser a outros componentes necessários. Onde A certeza da percepção, por um indivíduo, da existência deve estar atrelada ao fato de ser percebido pelo outro existente, que, por sua vez, necessita dessa mesma percepção. Assim pode ser exilado o egoísmo para trilhar a possibilidade de compreensão do todo sendo que cada um é o todo enquanto tem consciência que, o mesmo tempo, é parte dele.
Devemos levar também em consideração que a o fato de das leis que nos é imposta, mas estas existem para mediar à intolerância entre os homens compreende-se então que todos nós temos culpa nesta falência social. Os “aspectos mais humanos” referem-se às características psicológicas inerentes ao homem que se encontram na raiz dos problemas ecológicos e sociais do nosso planeta. Tais visões estabelecem um modo para que se re-aprenda a ser humano novamente, para que se possa perceber o meio como um aliado parceiro e não apenas como um meio irrestrito de subsistência. Quando se desvia as águas de um rio, apenas se esbarra nas conseqüências imediatas. Para o atual ser humano imediatista, a visão profunda e de longo prazo é por demais falha, da mesma forma, só se pode analisar superficialmente como está se estabelecendo, mas nunca como seria se não tivesse sido feito.
Todos os conceitos que são imputados pela mídia, como já foi descrito anteriormente, tem como objetivo a miscigenação da cultura, a relativização da realidade, a ponto de, lentamente, mimetizar o indivíduo. E é por essa porta que se abre que se estabelece a introdução, na medida do avanço do movimento propagandista, de conceitos alienígenas insuflando os jovens ao consumo exacerbado. Tal conduta social está cada vez mais facilitada, principalmente nos países de terceiro mundo, com isso se estabelece a decadência da auto-afirmação, com propósito de serem baixadas a guarda sobre as ‘propriedades’ (culturais, mentais, territoriais etc).
Para buscar a convivência em harmonia com a nossa fonte de recursos limitados (a natureza, o planeta, o universo), primeiramente, devemos canalizar a mente para uma busca de objetivos mais elevados, logo, podendo trabalhar na reconstrução das relações humanas, desde os níveis mais esquecidos até os mais comentados, como o próprio autor diz:
“Não haverá verdadeira resposta à crise ecológica a não ser em escala planetária e com a condição de que se opere uma autêntica revolução política, social e cultural, reorientando os objetivos da produção de bens materiais e imateriais. Esta revolução deverá concernir, portanto, não só às relações de forças visíveis em grande escala, mas também aos domínios moleculares de sensibilidade, de inteligência e de desejo”.
Guattari fala da importância de seus “fantasmas” serem desmascarados no sentido de uma não sustentação das nossas maneiras de pensar a sexualidade, a infância, a neurose. A questão colocada por ele é de re-orientar esses conceitos e práticas para dar-lhes outro uso, desenraizando-os de suas fórmulas prontas, deterministas, enfim, dos estereótipos e repetições “congeladas”. Há a possibilidade de cultivar a diferença como algo positivo e possível. É a partir daí que devem surgir articulações para as novas práticas ecológicas: micropolíticas e microssociais.
Esta frase coloca a proposta de Guattari de que É a possibilidade da mudança, do fazer diferente, do re-significar, que permite o não-engessamento das práticas culturais. Para que possamos modificar a visão da sociedade e do sujeito. Concluo que mediante a este texto de Guattari nesta sociedade que estamos sinto que desde pequenos nos é imposto à maneira em que devemos nos portar diante da sociedade, o que devemos ser e como devemos pensar. Mas como podemos mudar esta visão já imposta a nós?!


Nenhum comentário:

Postar um comentário